segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Por uma outra política de proteção animal (4)
Esterilização: desleal é o argumento
Nos, ainda poucos, concelhos onde as autarquias começaram a caminhar lentamente para uma política de esterilização, a maioria fá-lo através de clínicas veterinárias privadas, ao invés de assegurarem médicos veterinários municipais que possam cuidar dos animais dos canis e dos da população, que ao não ter possibilidade de recorrer a privados fica sem acesso a cuidados de saúde para os seus animais.
Sobre o argumento de que as entidades públicas ao criarem postos de trabalhos para veterinários públicos entrariam em concorrência desleal às clínicas privadas, relembro que, desleal – e mal gerido – é usar o dinheiro público (os nossos impostos) para servir privados em vez de servir a população e resolver problemas sociais como é o caso da sobre-população de animais domésticos abandonados.
Esterilização para animais no serviço público, já! Se é paga por toda gente, tem de servir os animais de toda gente!
Cassilda Pascoal.
Texto publicado originalmente na brochura “Por Uma Outra Política de Proteção Animal” aquando da iniciativa nacional “Cordão Humano pela Adoção e Esterilização dos Animais – Não ao Abate!”, a 24 de novembro de 2013.
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Por uma outra política de proteção animal (3)
Promover a esterilização e adoção
Andar pelas estradas de São Miguel e invariavelmente ver cães e gatos abandonados, atropelados e eviscerados, é sinal claro de que algo funciona mal na nossa sociedade. Alguns de espírito endurecido dirão que é tudo consequência das actuais circunstâncias económicas, que há de passar; mas uma análise atenta do problema revelará o que é na verdade uma crónica desconsideração pelo bem estar destes seres sencientes que não foram trazidos a este mundo senão por mão humana.
Reclamar que todos os concelhos tenham canis e gatis dignos desse nome: sítios onde em vez de se administrarem injecções letais a dezenas de animais todas as semanas – todas! –, se promova a esterilização e adoção dos milhares de animais de companhia que já existem.
Se esta não é a hora, nunca será a hora!
Luís Estrela.
Texto publicado originalmente na brochura “Por Uma Outra Política de Proteção Animal” aquando da iniciativa nacional “Cordão Humano pela Adoção e Esterilização dos Animais – Não ao Abate!”, a 24 de novembro de 2013.
sábado, 22 de fevereiro de 2014
Por uma outra política de proteção animal (2)
Solidão, abandono e luto
Diariamente, deparamo-nos com muitas situações cruéis para com os animais domésticos, frequentemente encontrados em ruas, jardins e vias públicas, vítimas de maus tratos ou abandonados.
As instituições de acolhimento não conseguem dar resposta a todas as situações e os canis municipais encontram-se cada vez mais lotados pelo que muitos animais são abatidos sem julgamento ou segunda opção. Se alguma vez tivermos oportunidade de visitar um canil, podemos observar o olhar triste e magoado de muitos animais atrás de cada jaula.
Solidão e abandono são duas palavras fortes que vivem paralelas e cujo significado há muito que é esquecido, porque não faz parte do quotidiano de muitas pessoas que egocentricamente fecham os olhos e trancam o coração.
Quando os seus animais domésticos que outrora foram fofos e belos, começam a dar muito trabalho ou com a velhice a beleza há muito ficou esquecida algures no interior do baú, são considerados inúteis, empecilhos ou alguma coisa como imprestáveis. Então já não há lugar para os afectos.
A capacidade de amar e ter respeito pelo próximo, nomeadamente estes seus “amigos”, há muito que ficou esquecida ou talvez perdida bem no fundo da gaveta do armário.
Já acolhi muitos animais. A vida ensinou-me que ter amigos, quer pessoas quer animais, torna-nos mais ricos e é tão bom ter amigos. Mais uma vez não consigo ficar indiferente a tanta crueldade humana, por isso hoje estou de luto e em silêncio total. A todos os animais que diariamente são vítimas de maus tratos, abandono ou diariamente abatidos nos canis municipais.
Teresa Rodrigues.
Texto publicado originalmente na brochura “Por Uma Outra Política de Proteção Animal” aquando da iniciativa nacional “Cordão Humano pela Adoção e Esterilização dos Animais – Não ao Abate!”, a 24 de novembro de 2013.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Por uma outra política de proteção animal (1)
A esterilização no serviço público é uma necessidade!
Desde muito cedo percebi as injustiças cometidas para com os animais… Desde muito cedo que os recebo em minha família e em minha casa… Casos, por vezes, considerados “perdidos”, outros considerados “azares” e alguns “inconvenientes”. E, no entanto, todos eles com muito para dar… Muito amor, muito carinho e muita alegria.
Desde muito cedo me apercebi de que o amor que os animais nos transmitem não é algo que venha apenas de uma loja de animais. Muitos dos animais abandonados, por mais “donos” que tenham tido, continuam a acreditar e confiar cegamente nos humanos…. Independentemente de tudo o que passaram…
Por isso, é necessário despertar para a questão dos direitos dos animais. A adoção consciente deveria ser obrigatória! As leis deveriam punir, de forma dura, quem atenta contra o bem-estar dos animais! A esterilização no serviço público é uma necessidade! É nosso dever e obrigação contribuir para que os animais tenham uma vida digna e que deixem de ser vítimas das barbaridades que têm sofrido até à data! Pois como disse Jeremy Bentham “Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer.”
Raquel Tavares de Melo Gamboa.
Texto publicado originalmente na brochura “Por Uma Outra Política de Proteção Animal” aquando da iniciativa nacional “Cordão Humano pela Adoção e Esterilização dos Animais – Não ao Abate!”, a 24 de novembro de 2013.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Nota introdutória
Hoje, dia 20 de fevereiro, 68 anos após a morte de Alice Moderno, juntamo-nos para dar continuidade aos seus ideais e projetos inacabados.
A propósito do aniversário da morte de Alice Moderno
No próximo dia 20, do corrente mês de fevereiro, fará 68 anos que faleceu Alice Moderno, personagem ímpar que marcou a sua época e que continua a inspirar todos os que lutam por uma sociedade melhor, nomeadamente para quem se bate para que o bem-estar animal e os direitos dos animais sejam reconhecidos na prática e não passem de meras palavras para embelezar discursos de circunstância.
Um trabalho importante, talvez o de maior envergadura até ao momento, para a perpetuação da memória de Alice Moderno foi feito pela professora Doutora Maria da Conceição Vilhena que, para além de vários textos, foi autora dos livros “Alice Moderno: a mulher e a obra”, editado pela Direção Regional dos Assuntos Culturais e “Uma Mulher Pioneira” editado pelas Edições Salamandra.
Nos nossos tempos livres, temos procurado pesquisar e compilar, nos jornais de Ponta Delgada onde ela colaborou ou chegou a dirigir, como o “Correio dos Açores”, onde manteve durante muitos anos a seção “Notas Zoófilas” “A Folha”, “O Recreio das Salas”, o “Diário dos Açores” e o Académico”, os seus escritos relativos à questão animal, com vista a conhecer melhor a sua vultuosa obra, a aprender com os erros do passado e a divulgar, sobretudo junto das pessoas que hoje, nos Açores, estão a prosseguir a luta por ela abraçada durante uma parte significativa da sua vida.
Conhecendo relativamente bem a sua personalidade, tal como já esperávamos, temos encontrado textos de Alice Moderno que com ligeiras adaptações mantêm-se perfeitamente atuais. De entre os exemplos possíveis, destacamos “Animais nossos amigos…”, texto de um discurso proferido por Alice Moderno numa reunião da SMPA – Sociedade Micaelense Protetora dos Animais, que foi publicado, no Correio dos Açores, a 30 de Janeiro de 1934.
No referido texto, Alice Moderno depois de mencionar que “em todos os países cultos, a proteção e assistência aos animais constitui um dever cívico, a que ninguém se exime, e pelo cumprimento do qual as leis olham cuidadosamente, rigorosamente, mesmo”, lamenta que, “em São Miguel, com sincera mágoa” pouco havia sido feito. Sabendo-se que a SMPA foi fundada em 1911 e que uma vintena de anos depois a situação, segundo ela, estava muito longe de ser a ideal interessa-nos saber a razão?
As autoridades não colaboravam com a SMPA, as propostas da SMPA eram muito avançadas para a época, em que as dificuldades económicas de uma parte significativa da população eram enormes, ou os próprios dirigentes da sociedade pela sua apatia não foram capazes de implementar as suas ideias/propostas?
Hoje, em que uma parte crescente dos cidadãos se empenha em movimentos de solidariedade, não só para com humanos que vivem em regiões com poucos recursos naturais ou são governados por dirigentes corruptos, mas também para com quem na nossa terra foi espoliado do seu direito a ter um trabalho digno e uma remuneração justa, e onde a causa animal ganha, dia a dia, cada vez mais seguidores, é indispensável conhecer a vida e a obra de uma mulher que despendeu muitas das suas energias em várias causas humanitárias, como é a proteção dos animais, que segundo ela “sofrem muitas vezes estoicamente, sem um queixume, os maus tratos que a crueldade humana lhes inflige”.
Desafiamos as entidades oficiais a organizar um ou mais eventos que contribuam para dar a conhecer a obra de Alice Moderno, na literatura, no ensino, na luta pelos direitos das mulheres, na defesa dos animais e das plantas, às gerações que hoje a ignoram por completo.
Se nenhuma entidade oficial se mostrar disponível para tal, as associações de proteção dos animais deviam juntar esforços para o fazer, pelo menos no que diz respeito à causa que abraçaram.
Outro grande passo para perpetuar a sua memória será a luta pela concretização do grande sonho da SMPA e de Alice Moderno que era “estabelecer um Lazareto para tratamento dos animais achados quando abandonados pelo dono” e que hoje deve ser o de “criar” um moderno Hospital Veterinário “Alice Moderno”.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, nº 3023, 19 de Fevereiro de 2014, p.11)
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