Nota biográfica
ALICE MODERNO
Açoriana pelo coração, Alice Moderno nasceu em Paris, a 11 de agosto de 1867, viveu primeiro na Terceira e depois em São Miguel, onde faleceu a 20 de fevereiro de 1946.
Para além da sua atividade de jornalista, escritora, agricultora e comerciante, Alice Moderno foi uma mulher que pugnou pelos seus ideais republicanos e feministas, sendo uma defensora da natureza e amiga dos animais.
Como defensora da natureza já início da segunda década do século passado, Alice Moderno pensava que uma árvore de pé poderia ter mais valor do que abatida. Vejamos o que disse a propósito:
“Plantar árvores é não só amar a natureza. Mas ainda ser previdente quanto ao futuro, e generoso para com as gerações vindouras. Cortá-las ou arrancá-las a esmo, sem um motivo justo, é praticar um acto de selvajaria” (A Folha, 16/2/1913).
“A árvore é confidente discreta dos namorados e a desvelada protetora dos pássaros – esses poetas do ar. A árvore é a maior riqueza da gleba, o maior tesouro dos campos e o maior encanto da paisagem!” (A Folha, 15/3/1914).
O seu trabalho foi ao longo da sua vida sendo reconhecido, quer através da correspondência que recebia, quer publicamente através de prémios e homenagens.
Assim, em agosto de 1912, foi homenageada, em Lisboa, pela Liga Republicana das Mulheres Portuguesas.
Em 1916, um soneto seu obteve o 1º prémio num concurso organizado pelo Jornal da Mulher.
Em 1924, soneto A última carta foi premiado nos Jogos Florais de Angra do Heroísmo.
Em 1929, o soneto Sorriso póstumo obteve o primeiro lugar num concurso de sonetos portugueses promovido pela revista Alma Feminina.
Em 1934, foi distinguida com a Medalha de Prata da Sociedade Protetora dos Animais de Lisboa.
O governo francês, em 1937, agraciou-a com a condecoração “d’Officier d’Académie”.
Em 1942, um soneto foi premiado nos Jogos Florais promovidos pela Secretaria do Turismo e pela Câmara Municipal da Figueira da Foz.
A 30 de junho de 2005, a Câmara Municipal de Ponta Delgada homenageou, de acordo com a Dr.ª Maria José Duarte, “a poetisa, a jornalista, a mulher de negócios, a benemérita, a mulher da transgressão: a primeira a frequentar o Liceu, a primeira a cortar o cabelo, a primeira no jornalismo profissional, a primeira diretora de um jornal, a primeira a dedicar-se à defesa e à proteção dos animais”, atribuindo o seu nome a uma rua localizada no Loteamento do Caminho da Fajã de Cima, na freguesia de São Pedro.
Em 2014, recebeu, a título póstumo, a insígnia autonómica de mérito cívico.
Muito conhecida e influente no seu tempo, o legado de Alice Moderno teria caído no esquecimento se não tivesse existido a investigação feita pela Professora Doutora Maria da Conceição Vilhena, que foi divulgada em diversos artigos publicados em revistas e em três livros: Alice Moderno a mulher e a obra (1987), Uma mulher pioneira - Ideias, Intervenção e Ação de Alice Moderno (2001) e Joaquim de Araújo – Diálogo epistolar com Alice Moderno: da literatura ao amor frustrado (2008).
Apesar da gigantesca investigação feita pela Professora Conceição Vilhena, acreditamos que ainda estamos longe de conhecer por inteiro a sua vida e obra. Esta é a tarefa que o Coletivo Alice Moderno se propõe das continuidade.
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